Elsimar Coutinho. Foto: Reprodução.

“Perdi as contas de quantas vezes eu pedi por um milagre no último mês. A cada dia, a cada notícia, eu queria um milagre. Foi em uma manhã, bem cedo, enquanto minha mãe me dava notícias que tiravam meu chão, eu disse a ela que ainda poderíamos ter um milagre. E ela me respondeu prontamente: o milagre foi ele.

E foi. O milagre foi ele quando saiu de Pojuca (BA) para conquistar a ciência e a medicina mundial. O milagre foi ele quando fez aquela mulher que ia tirar o útero, ter dois casais de gêmeos. Foi ele quando aquela moça que sofria todo mês com a menstruação voltou a viver. Ele também fez milagre com aquela senhora de 50 anos que achava que a vida não tinha mais graça. Fez acontecer o milagre do planejamento familiar.

Foi um milagre quando de humano se transformou em ideia e assim passou a habitar em milhares de outros médicos. Na família ele também foi milagre. Foi milagre com seus 03 filhos e ensinou que amor não tem limite, escolhendo outros 02 filhos como seus. Se como médico ele era grande, como pai era um gigante e milagrosamente abusou da sua vocação paterna espalhando por aí milhares de filhos postiços que sempre dizem “Ele era como um pai pra mim” e era mesmo.

Ele sempre tinha colo pra quem precisava de colo, conselho pra quem precisava de conselho, e amor – para todos tinha o amor. Era um farol que iluminava tudo ao seu redor. O milagre que eu pedi ontem não aconteceu, estamos todos órfãos hoje. Mas eu vivi um milagre por 35 anos, e levarei esse milagre em mim por toda minha vida. Meu avô, além de pai, mentor, professor, amor você é também o meu milagre. Que privilégio ter tanto de você em mim. Te amarei eternamente. Sua, Mani”.

Manuela Dorea Gordilho, neta de Elsimar Coutinho, médico e cientista baiano que faleceu ontem (17), aos 90 anos.

https://www.instagram.com/p/CEChVwWJqAi/