
Liderada pelas cineastas Josi Varjão e Lilih Curi, desde 2013, a produtora audiovisual Segredo Filmes valoriza a força feminina na gestão e em suas obras. Com 12 anos de atuação em Salvador e outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a empresa promove um audiovisual diverso e democrático, com foco em gênero, violência e deficiência. Neste ano, elas finalizam dois dois curtas documentários: ‘Restauro’, um filme sobre a ausência de memórias através de fotografias durante a infância de Josi Varjão, e ‘Moira’, que tem a personagem principal com deficiência visual decorrente da Síndrome de Stargardt.
Em retrospecto, filmes como ‘Carmen’ (2013) e ‘Teresa’ (2014) focam na mulher, abordando temas sociais como violência doméstica, deficiências, adoção, lesbofobia e maternidade compulsória. “A gente sempre se questionou: O que eu quero falar? Por que eu quero falar? Porque a gente está sempre num lugar de invisibilidade, sendo mulheres e lésbicas. No caso de Josi, sendo mulher negra, nordestina. E por que não falar sobre o que nos atravessa? Os nossos filmes são denúncias, fazem pensar. A gente não dá conta de tratar das nossas denúncias no documentário, seria muito doloroso pra gente. Por isso, fazemos as ficções”, reflete Lilih.
Josi Varjão defende a necessidade de cotas para mulheres cis e trans no audiovisual: Temos agora os indutores nos editais, isso conta um pouco, mas não resolve. “Nós precisamos de cotas! Somos mais de 50% da população consumindo o que os homens criam e produzem. Assim, como há cotas pra negros, indígenas, pessoas com deficiência, precisamos de cotas pras mulheres cis e trans. Isso tem que virar política pública – pelo menos 50% – na Bahia, no Brasil. Isso deve ser uma política nacional. Ainda estamos longe dos 50%, infelizmente. Quando conquistarmos isso, estaremos vivendo em um país mais justo, livre da dominação do homem, num país democrático de direito. Isso é o feminismo: a equidade de direitos entre homens e mulheres, pondo fim à discriminação e as desigualdades”.

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