Igreja de São Domingos de Gusmão. Foto: Reprodução.

A Igreja de São Domingos de Gusmão.

Para além da Catedral Basílica do Salvador e da Igreja de São Francisco de Assis, destaques na região do Terreiro de Jesus, outra igreja se impõe magnífica, mas não tão conhecida. Essa é a Igreja de São Domingos de Gusmão.

De imediato o visitante que chega ao grande Terreiro – que tivera outros nomes até ser consagrado com o nome de Jesus – observa atrás da fonte do século XIX a Igreja. Seguindo linhas rococó a fachada possui delicadas curvas e volumes com motivos florais adornando as molduras em pedra das imponentes portas do século XVIII. Na frente um gradil protege o adro ao mesmo tempo em que “encortina”, com beleza em suas linhas e curvas, o trabalho em ferro fundido. Passando pela porta temos um tapete de piso xadrez que nos direciona ao interior da Igreja.

É na nave que encontramos o encanto do ilusionismo barroco na Bahia. Passando a ideia de ascensão, elevação, a pintura sobre os pranchões de madeira, mostra santos, anjos, nuvens, colunas e arquitraves trabalho atribuído ao mestre José Joaquim da Rocha. Os altares que hoje são neoclássicos, mas no passado eram barrocos, foram substituídos de acordo com as novas tendências e anseios do corpo religioso da Igreja no século XIX. O mesmo aconteceu com outras irmandades a exemplo da Ordem Terceira de São Francisco. As imagens sacras são do século XVIII e XIX, destacando-se peças belíssimas passando a ideia de movimento e riqueza de detalhes.

Na lateral esquerda temos o caminho para a sacristia, mas é antes, no corredor de acesso, que encontramos o mais belo arranque de escada do Brasil. Esculpido em pedaços de jacarandá da Bahia a peça passa a impressão de ter sido obra da própria natureza pelas suas formas ousadas e bem detalhadas esculpidas na madeira. É uma das escadas de acesso para a Torre sineira, de onde podemos desfrutar de uma vista panorâmica para todo o Centro Histórico de Salvador.

A notícia mais recente é que o visitante poderá contemplar nos horários das 12 e 18 horas, o toque dos três sinos na torre. Dois dos sinos são do final do século XVIII e um do século XIX. No passado o toque dos sinos para além de um convite litúrgico, também representava um marcador de tempo, mas foram rareando até entrar em desuso por descaso, problemas estruturais nas torres ou rachaduras.

A Igreja de São Domingos de Gusmão foi construída na primeira metade do século XVIII passando por reformas no século XIX. Ocupa uma área considerável em direção a Igreja de São Francisco de Assis, possuindo amplos salões no segundo pavimento e diversas salas na ala direita.

Foi restaurada em 2016 e está aberta para visitação. Quando passar pelo Terreiro de Jesus visitem a Igreja de São Domingos de Gusmão.

Rafael Dantas é historiador e artista plástico.