A partir desta sexta-feira (19), Salvador recebe a exposição inédita “Raízes: Começo, Meio e Começo” no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), no Centro Histórico. A mostra conta com cinco eixos temáticos – Origens; Sagrado; Ruas; Afrofuturismo e Bembé do Mercado – distribuídos em mais de 200 obras assinadas por mais de 80 artistas afrodescendentes. A exposição fica na capital baiana até o dia 9 de março de 2025.
Dentre as obras, estão pinturas do sambista Heitor dos Prazeres, esculturas do museólogo baiano, Emanoel Araújo, e retratos da fotógrafa carioca Lita Cerqueira. Além de criações de artistas da Angola, Senegal, Guiné e Congo que reverberam as tecnologias originárias das matrizes africanas fundamentais, para a construção identitária do Brasil.
“‘Raízes: Começo, Meio e Começo’ entrelaça a circularidade do tempo, refletindo sobre tecnologias ancestrais. Presente, futuro e passado formam as raízes de um grande baobá. A diáspora afro-brasileira é uma ramificação dessa raiz ancestral”, explica a curadora e diretora do museu, Jamile Coelho. Na cultura iorubá, introduzida no Brasil pelos povos originários da Nigéria, do Daomé e do Togo, a temporalidade é recorrente, com eventos e padrões que se repetem e renovam, distante da linearidade ocidental irreversível do início, meio e fim.
Com isso, o núcleo “Origens” simboliza o encontro entre as culturas dos continentes africano e americano, guiando o público pela travessia identitária das águas oceânicas. O território “Sagrado” aprofunda as tradições espirituais, celebrando a força dos espíritos através de artefatos, músicas e danças. O espaço “Ruas” abraça o “pretuguês”, neologismo que define o universo cultural enraizado nas matrizes africanas.
O ambiente “Afrofuturismo” promove o encontro entre ficção científica, tecnologia, realismo fantástico e mitologia para retratar a vida plena da população negra. Por fim, o eixo “Bembé do Mercado” registra os patrimônios culturais imateriais expressos na musicalidade, língua, versos, sotaques e saberes sociais. A exposição também reverencia o princípio dinâmico de Exu, o orixá regente de 2024.
“[A mostra] é uma jornada imersiva para contemplar esse berço civilizatório sob a perspectiva das manifestações artísticas, rituais religiosos e modo de organização social e política, transmitidos entre gerações”, conta Jil Soares, co-curador.
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