Exposição “Vila Velha, por Exemplo: 60 Anos de um Teatro do Brasil”. Foto: Maiara Cerqueira

A partir desta sexta-feira (13), será aberta a temporada de visitação da exposição “Vila Velha, por Exemplo: 60 Anos de um Teatro do Brasil”, que ficará disponível até o dia 08 de dezembro, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador. A mostra traz a trajetória do Teatro Vila Velha, na capital baiana, a partir de fotos, cartazes, figurinos, vídeos, programas originais das produções, áudios e documentos variados que, juntos, contam uma história de arte e insurgência.

Inaugurado em 1964, após uma ampla campanha levada à frente pelo primeiro grupo profissional de teatro da Bahia, a Sociedade Teatro dos Novos, o espaço cultural trouxe na sua estreia a Batucada da Escola de Samba Juventude do Garcia e também os experimentos dos jovens Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Tom Zé no show “Nós, por Exemplo”.

A exposição investiga as experiências que transformaram o Vila Velha em um espaço das artes sintonizado com os grandes debates de seu tempo. O projeto dimensiona a figura do diretor, dramaturgo e professor João Augusto, um dos mais importantes nomes do teatro brasileiro, estando à frente do Teatro dos Novos e do Teatro Livre da Bahia. Também traz à discussão personagens como Edgard Santos, reitor da Universidade Federal da Bahia que criou a Escola de Teatro em 1955, e Eros Martim Gonçalves, seu primeiro diretor.

O engajamento do Vila na defesa das classes subalternizadas e das causas sociais também é enaltecido na mostra. Em 1968, com o decreto do Ato Institucional do Governo Militar (AI-5), o teatro abrigou artistas, jornalistas e membros da comunidade em protesto pela atuação truculenta da censura em ensaio aberto da peça Senhoritas, que seria encenada no Teatro Castro Alves e acabou interditada.

O Vila também foi o lugar escolhido para os julgamentos dos processos post mortem de Carlos Marighella e Glauber Rocha, absolvidos de crimes imputados pelo regime militar e cujas famílias, nas mesmas sessões, receberam pedidos formais de desculpas do Estado brasileiro.

A exposição opta por, ao contar a trajetória do teatro e de seus personagens, contextualizar os momentos históricos desse percurso, inclusive o desenvolvimento urbano e evolução arquitetônica das cidades. Nesse processo, emergem produções feitas no teatro ou nele exibidas, que representam a história ativa e produtiva de um teatro que é baiano e cujas realizações reverberam pelo Brasil.

A iniciativa tem patrocínio do Banco do Brasil, através da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura e Governo Federal, com apoio do Museu de Arte Moderna da Bahia, Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural e Secretaria Estadual da Cultura. A produção é da Janela do Mundo com coprodução do Teatro Vila Velha.

Teatro Vila Velha. Foto: Jefferson Peixoto/SECOM PMS

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