Com a reativação do comércio em várias cidades do Brasil, muito tem se falado sobre o futuro da moda e mudanças no hábito de consumo. Em entrevista ao site ÁS, o designer paulista Eduardo Atallah falou sobre as mudanças no negócio, nas coleções e suas expectativas de futuro.
“A pandemia foi uma machadada. Não é fácil no Brasil tocar um ateliê de slow fashion. Pelo caráter econômico, foi porrada. Quase todo insumo é importado, comercializado em dólar altíssimo. Com a escassez e consumo despencando, tem sido lenha. Por sermos pequenos, não perdemos tanto, mas nosso capital de giro e fluxo de caixa foram a nocaute”, disse.
“Dentro de casa, não se troca de roupa. Por isso, decidimos cair de cabeça no verão, apesar das incertezas e do valor agregado das peças pesadas que a estação fria traz. Aposto na redução do consumo. As pessoas estarão mais assertivas, vão se dar conta de que, trabalhando em casa, vão usar somente 15% do seu guarda-roupa. Vai rolar menos impulso. Coleções vão diminuir para se ajustarem às vendas sem calendário”, completa.
“Faço parte de uma cepa de pequenos criadores com gana de lapidar a identidade brasileira. Uma estética nacional jovem, mas que a juventude já devora com glam e garra. É cool usar brazillian brands, finalmente. O novo consumo requer autoria e representatividade. Chega de uniformes! Todo o meu tecido é garimpado. Tanto nas coleções-cápsula quanto na produção sob medida, rumo em direção a um varejo tímido, mas muito autoral”, finalizou.