Apesar de empreendedores e chefs negros se destacarem cada vez mais no mercado gastronômico, ainda há muita resistência na obtenção de reconhecimento e na fuga de estereótipos. Para o chef baiano Rodrigo Freire, dono do restaurante Preto Cozinha, em São Paulo, é importante a valorização da ancestralidade e a cultura negra. Porém, também acha importante que as pessoas não se enquadrem em certos estereótipos. Pensando nisso, o espaço do seu estabelecimento não tem nenhuma referência à Bahia, sem fitas do Bonfim, nem cores vibrantes.
Com isso, o salão tem paredes brancas de tijolos à vista e esculturas nas paredes, exatamente para fugir dos clichês estereotipados, impostos pela branquitude, que envolvem a baianidade. “Não teria uma baiana de acarajé com turbante no meu salão. Não porque eu ache ruim, mas porque precisamos ocupar outros espaços. Parece que seu for preto, só posso comer comida de azeite e ser do candomblé”, explica Rodrigo em entrevista à Folha de São Paulo.
A escolha do nome Preto Cozinha veio de um apelido de infância. Só depois de ter aberto o espaço, percebeu o impacto de ter nomeado assim. Diante disso, várias situações de racismo foram motivadas pela escolha. Segundo o chef baiano, alguns clientes já perguntaram se o dono do restaurante é preto, ou se os sócios são. “Paguei cada cadeira que está aqui, não tenho investidor. Começamos com 40 lugares”, ressalta Rodrigo.
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